Quantcast
Channel: Mariana Anselmo
Viewing all articles
Browse latest Browse all 12

Quando o e-commerce te ensina a ser Causa no mundo

$
0
0

Um dos pilares do e-commerce é o capitalismo. É a prática de incitar o consumo, de aumentar a conversão, de criar no cliente o desejo por algo que ele nem ao menos sabia que queria ou que precisaria em sua vida. Esse conjunto de práticas passou, recentemente, a ser motivo de reflexão de parte da sociedade: o que causa esse consumo desenfreado? Qual o resultado disso para o mundo como um todo (sociedade, meio ambiente, valores individuais e coletivos…) e, principalmente, “será possível reverter esse cenário?”

A partir disso, surgiram no meio alguns conceitos bem interessantes, como consumo consciente e inovação natural. Ao contrário do que muitos acreditam, a chave para transformar a nossa realidade e o futuro para o qual caminhamos pode estar em continuar consumido. Mas mudando a forma de fazê-lo. As primeiras coisas que vêm à cabeça são os brechós, feiras de artesanato, consumir do pequeno produtor… Também! Mas quem disse que o varejo não pode fazer parte dessa revolução?

É com esse espírito que a BeCauz chegou ao mercado em março deste ano. Ela é um dos projetos do Instituto MOBI, que visa a ser um laboratório para criar e compartilhar conceitos que estejam mais alinhados à Nova Economia, como a Inovação Natural e o Empreinovador. A loja trabalha com a prática do Lucro para Evolução Humana – LEH, que constitui em destinar uma fatia do lucro para algum tema que melhore a sociedade. “Mais do que uma marca ou modelo de negócio inovador, estamos criando um mercado de doação por meio do consumo das pessoas com um potencial enorme”, explicou Eduardo Marques Borba, fundador do Instituto MOBI e da própria BeCauz.

O e-commerce, que carrega no nome seu propósito (BeCauz é um jogo com as palavras em inglês que significam “seja causa”), decidiu trabalhar em um dos segmentos em que o consumo é mais latente: o da moda. Só de que uma forma bem enxuta e no fluxo contrário das lojas que vemos na Internet. A BeCauz oferece apenas dois produtos: uma camiseta básica branca feminina e outra masculina, disponíveis nos tamanhos, P, M, G e GG. Na altura do peito, o logo da marca.

A loja e seu conceito funcionam de maneira simples: você entra no site (http://loja.becauz.com.br), seleciona o seu produto, o tamanho dele e para qual causa você deseja doar parte do lucro da sua compra. Isso mesmo! Quem seleciona para onde vai o lucro é você. Hoje, são três opções de ONGs que trabalham com causas diferentes, mas todas voltadas para uma mudança social.

Para o fundador do Instituto MOBI e da BeCauz, a loja é uma causa, e não um e-commerce. “O e-commerce foi a forma de iniciar a execução do modelo de negócio. Dessa forma, conseguimos que os consumidores, no momento da compra, possam escolher os produtos e as ONGs para destinar o LEH. A essência da ideia era ser uma espécie de plugin no sistema econômico que evoluísse para beneficiar a todos. Miramos para ajudar a solucionar um dos maiores geradores de problemas do mundo, o consumo”, afirmou.

O empresário acredita na máxima de que as mudanças só acontecem se o coletivo agir para tal. Com isso, ele buscou tornar a ação de melhorar o mundo um objeto de desejo para, daí, naturalmente as mudanças ocorrerem. Por isso, decidiu transformar a ideia em uma marca, para que facilitasse o processo de criar desejo nas pessoas. Mas não poderia ser mais uma marca, teria que ter um conceito muito forte, assim como o modelo de negócio.

“Imagine uma marca desconhecida, com uma proposta fora da caixa, com uma camiseta básica no valor de R$ 90,00, lançada num período de crise econômica. Fomos ousados em testar o modelo de negócio da startup no mercado com um cenário pessimista para saber se realmente ‘ou vai ou racha’. Não rachou! As pessoas começaram a comprar já no dia do lançamento! Isso comprova que quase 70% dos consumidores estão dispostos a comprar de ‘causas’ e a pagar a mais por isso”, advogou em favor da inovação natural.

Mas para criar no público esse desejo de fazer parte da mudança, o outro lado (aquele que recebe a ajuda) precisa estabelecer uma ligação importante com a sociedade, que passa por credibilidade, resultados, transparência… “As ONGs sérias são respeitadas e recebem mais apoio de sua comunidade. As comunidades online das ONGs, que é o foco da BeCauz, já conhecem o trabalho e se sentem mais seguras de destinar o LEH para elas. ONGs que não têm credibilidade naturalmente não recebem recursos, pois não existe respeito, nem comunidade. Somando esses dois fatores (curadoria e credibilidade), ficamos mais seguros e os consumidores também”, explicou Borba.

2018: a causa se renova

“Vamos continuar sendo a Causa em que acreditamos. Mas de uma forma cada vez maior”, informou Borba. Isso porque a BeCauz vai lançar uma parceria com o Instituto DOAR, responsável por promover a cultura da doação para ONGs e também responsável pelo Ranking das Melhores ONGs do Brasil. Juntos, eles pretendem elevar a causa a um movimento nacional para potencializar a cultura da doação por meio do consumo.

Somando as comunidades online, somente das 100 Melhores ONGs, há mais de 11 milhões de consumidores-doadores em potencial. Somadas as ONGs com mais seguidores nas redes sociais, esse número passa para 20 milhões, isto é, 10% da população brasileira.

Para o ano que vem, a BeCauz também pretende lançar produtos e ter mais ONGs beneficiadas. Inclusive, eles terão uma coleção criada na Itália pela renomada designer Juliana Calegari.

A Inovação Natural como caminho para transformar o varejo, que transforma a vida, que transforma o mundo

Quando pedido para falar mais sobre a Inovação Natural e como ela pode impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente, Borba não economiza palavras. Trata o assunto com a mesma paixão que vemos um torcedor falar do seu time do coração. Ele transparece a crença na Causa (assim mesmo, com c maiúsculo) que prega e à qual se dedica.

O capitalismo está na UTI, falecendo de forma acelerada. E tudo o que se apoia nessa estrutura também está sentindo as consequências. As empresas são o principal organismo do sistema. A maior parte da vida das pessoas é em função das empresas. E para melhorar a vida das pessoas, é preciso melhorar o sistema. E para melhorar o sistema, é preciso redefinir o que conhecemos na empresa. Estamos passando por uma imensa crise institucional, na qual o 1º setor (governo), além de não funcionar, virou vampiro sugando o que pode para financiar a corrupção.

O 2º setor (iniciativa privada) é ainda muito escravo dos acionistas ávidos pelo retorno do capital para financiar suas ostentações, transformando as empresas em usinas de infelicidade. E o 3º setor (ONGs), que é o único que tem competência funcional para melhorar o mundo, vive de forma insustentável dependendo de quem gera riqueza. Estamos chegando ao esgotamento dessa fórmula insana que destruiu boa parte do planeta e consome a maior parte da vida humana.

Não há verdade absoluta, apenas hipóteses para transformar as empresas e, assim, a vida das pessoas e, naturalmente, o sistema como um todo. A única instituição de nossa sociedade que tem mais facilidade para fazer algo são as empresas, pois somente elas geram riqueza e, portanto, têm a influência para mudar.

Além da urgência de reinventar as empresas, elas vão ter que ser obrigatoriamente inovadoras para a sobrevivência daqui para frente. Para se ter uma ideia, segundo o Institute For The Future, a Economia Criativa será metade da economia global até 2025. Dessa forma, a nova empresa tem dois grandes pilares de sustentação: utilidade e criatividade.

Daqui para frente, as empresas, para continuarem existindo, precisarão ser cada vez mais úteis para sociedade. E o papo de que geram emprego, renda e impostos não cola mais. As empresas existirão cada vez mais para resolver problemas da sociedade. Os consumidores estão pressionando as empresas para essa direção – e elas devem fazer isso de forma permanentemente criativa.

As Causas são assim por respeitarem um dos fundamentos de nossa civilização descoberto pelo filósofo Aristóteles, que diz ‘onde suas paixões e talentos se cruzam com as necessidades do mundo, aí estará o seu lugar’. Ou seja, encontra-se a Causa.

Sendo uma Causa legítima, ela provoca um fluxo chamado Espiral da Evolução, na qual no meio dos ciclos da espiral se inova naturalmente para melhorar o mundo, tendo impacto no mercado. Por isso, o conceito chama-se Inovação Natural. Causas são ímãs de magnetismo positivo, pois são desejadas por clientes, fornecedores, investidores, imprensa, parcerias, enfim, têm muito mais valor para os stakeholders que uma empresa tradicional.

Sem contar que, segundo um estudo da Harvard Business Review, organizações que seguem os princípios do capitalismo consciente (Causas) geram 9x mais lucro que as empresas tradicionais. A BeCauz é um exemplo disso”.

E você, qual é a sua Causa?

O post Quando o e-commerce te ensina a ser Causa no mundo apareceu primeiro em .


Viewing all articles
Browse latest Browse all 12

Latest Images

Trending Articles





Latest Images